A história dos 50 anos da Álamo
Em 1970 o Brasil passava por uma fase de crescimento econômico acelerado – o chamado milagre brasileiro e companhias multinacionais decidem ampliar suas atividades aqui no País.
Neste contexto a IBM lança um concurso para os projetos de um Centro Educacional na Estrada das Canoas, no Rio de Janeiro, que constava de um hotel com todas as suas facilidades, destinado a apresentar a executivos da América do Sul um produto misterioso e inovador, o computador pessoal (PC), que iria revolucionar a vida de todos nós.
Era um projeto bastante complexo e havia uma exigência, de que este fosse executado por uma empresa que trabalhasse apenas em projetos, como era o costume da época, não podendo participar construtoras ou montadoras.
Desde 1965, eu trabalhava em uma empresa especializada em montagens elétricas e em projetos. Para poder viabilizar a participação na licitação da IBM, ficou decidido desmembrar a empresa em projetos e montagens.
Assim foi feito e em 22 de outubro de 1970 foi criada a Álamo Engenharia, sob minha administração e participação majoritária no capital.
Vencemos o concurso, em conjunto com o escritório de Arquitetura Pontual e Associados e os projetos e acompanhamento das obras foram realizados com a inteira aprovação e satisfação da IBM.
O sucesso foi tão grande que, a partir daí, executamos os projetos de instalações de todos os novos prédios administrativos da IBM, os Edifícios Sede do Rio de Janeiro, São Paulo e da maior parte das capitais brasileiras.
Neste mesmo ano de 1970, fomos convidados pelo Citibank para participar da concorrência para aumentar a capacidade do sistema de abastecimento de energia elétrica do então edifício sede do banco, na Avenida Rio Branco, no Rio de Janeiro.
Os equipamentos elétricos de alimentação de energia do edifício estavam superaquecidos e o banco havia contratado uma empresa de grande renome para resolver o problema. A solução recomendada por esta empresa era a substituição completa de todos os equipamentos da entrada de energia, aumentando a sua capacidade.
Seria uma obra custosa e complexa pois o Banco não poderia ficar sem energia elétrica para a sua operação.
Ao efetuar a vistoria do local para coletar dados para a elaboração do orçamento, para minha surpresa, verifiquei que os equipamentos possuíam capacidade suficiente para suportar a demanda integral do banco, com bastante folga. O superaquecimento poderia estar sendo causado pelo afrouxamento dos parafusos dos barramentos e dos quadros de baixa tensão.
Alertei então os engenheiros do banco que eventualmente a obra não seria necessária, o projeto de aumento de carga estaria superdimensionado e que o problema poderia ser resolvido simplesmente apertando os parafusos.
Como o projeto de ampliação havia sido elaborado por uma empresa conceituada e na época eu tinha menos de dois anos de formado, o Banco não se sentiu seguro da minha orientação e promoveu uma reunião com a equipe técnica, a empresa responsável pelo projeto e a Álamo Engenharia.
A primeira pergunta feita na reunião pelo projetista, foi quantos anos eu tinha de formado. Ele tinha mais de 30. No entanto, de alguma forma consegui convencer o Citibank a desligar o prédio no domingo seguinte para apertar todos os parafusos. Não haveria custo algum e não havia por que não tentar.
Uma semana depois, a Álamo recebe uma carta do Citibank agradecendo a economia proporcionada e nos agraciando com o cargo de consultores para todos os projetos de instalações dos prédios que seriam construídos no Brasil.
Estávamos no lugar certo na hora certa.
Assim aconteceu e fomos os responsáveis pelos projetos de instalações e condicionamento de ar dos Edifícios Sede do Citibank no Rio de Janeiro, São Paulo e demais principais cidades do Brasil.
Em pouco tempo a Álamo se tornaria a maior empresa de projetos de instalações do Brasil.
Voltando à IBM, após a conclusão do Edifício Sede do Rio de Janeiro em 1980, como havíamos sido os responsáveis pelos projetos de instalações e acompanhamento da obra, fomos consultados sobre a possibilidade de assumir a manutenção técnica do edifício, iniciando uma operação inédita no Brasil, a terceirização.
Num instante inicial ficamos um tanto receosos, pois apesar de possuirmos o conhecimento técnico, não tínhamos experiencia no assunto.
A IBM insistiu e resolvemos assumir o desafio.
O modelo de terceirização mostrou-se um grande sucesso e, como havia acontecido anteriormente, o Citibank também optou por seguir este caminho.
A Álamo assumiu então a manutenção da maioria dos prédios destes dois clientes.
Daí para a frente, outros importantes clientes aderiram à terceirização e o crescimento da empresa foi exponencial, com resultados tão satisfatórios que optamos por focar exclusivamente em manutenção, encerrando a atividade de projetos em 1990.
50 anos se passaram desde a nossa fundação e com muita satisfação ainda me sinto parte desta maravilhosa equipe que hoje conduz a empresa.
Muitos perguntam como se manter por tanto tempo prestando um serviço de qualidade e sobrevivendo a diversas crises que abalaram e continuam abalando nosso país neste meio século de existência.
O segredo é apenas um e reside na escolha da sua equipe.
São os nossos funcionários e colaboradores que mantém a chama acesa e em movimento e que com as respectivas competência e dedicação, nos permitirão continuar a trilhar o nosso caminho pelos próximos 50 anos.
Me despeço agradecendo a todos e com muito orgulho pelo trabalho de nossa equipe que demonstrou claramente sua competência no enfrentamento desta pandemia, que se tornou a maior crise que qualquer empresa poderia enfrentar e da qual saímos fortalecidos e vitoriosos.
Rio de Janeiro, 22 de outubro de 2020
Osvaldo Gil Matias